Surat Al-Ahzab(1). Ó Profeta! Teme a Allah e não obedeças aos renegadores da Fé e aos hipócritas. Por certo, Allah é Onisciente, Sábio.
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(1) Al Ahzab: plural de hizb, que significa uma coligação, cujos membros perseguem os mes mos objetivos. Assim se denomina a sura, pela menção dessa palavra nos versículos 20 e 22. Esse vocábulo passou a ter esta acepção entre os anos IV e V da Hégira (cerca de 626 da Era cristã), quando os Judeus, habitantes de Al Madinah, entreviram no Islão, a nova religião, iminente ameaça ao prestígio religioso e social, que gozavam nesta cidade, e consequente enfraquecimento de seu poder, junto da nova organização da sociedade árabe emergente, liderada pelo Profeta Muhammad. A questão tornou-se mais preocupante, quando o grande sábio judaico, Abdullah Ibn Salam, se converteu ao Islão, atraindo para si outros confrades. Foi, então, que os judeus de Al Madinah se decidiram pela aniquilação de Muhammad, cujo credo se propagava não só por esta cidade, mas por outras regiões, fora dela. Para tanto, passaram a reunir, em partidos, as tribos árabes da Península Arábica, o que não foi difícil, pela oposição que alimentavam contra o Profeta. Citem-se, entre elas, as tribos de Gatafan, Kinanah, Tihamah e Quraich. E rumaram, todas elas, a Al Madinah, e sitiaram-na, nos arredores, pois os fossos de defesa, abertos por ordem do Profeta, impediam- nas de avançarem dentro dela. Enquanto isso, os judeus da cidade rompiam o pacto de coexistência pacífica, que haviam firmado com o Profeta. Consequentemente, a situação dos moslimes periclitou, já que sediados pelo inimigo, dentro e fora da cidade. Entrementes, pouco antes de os partidos atacarem o Profeta, ocorreu forte vento, acompanhado de implacável onda de frio, que veio a tumultuar a organização dos partidos, arrancando-lhes as tendas armadas, exterminando-lhes as fogueiras, destroçando-Ihes os pertences.Inermes, debandaram, em direção a seus lugares de origem. Desta feita, malogrou a insídia dos judeus, que, sem a colaboração partidária dos árabes, não puderam combater o Profeta e seus prosélitos. Esta sura se inicia pela exortação do Profeta à não obediência aos incrédulos e aos hipócritas. Alude, a seguir, à questão da adoção de filhos e de como proceder, neste caso. Trata, ainda, do avanço dos Partidos até Al Madinah, do temor que a tempestade suscitou nos moslimes, da salvação dos crentes. Determina, ademais, as regras éticas, que devem seguir as mulheres; anula a proibição de o homem casar-se com a mulher de seu filho adotivo, o que não era permitido na sociedade árabe pré-islâmica; estabelece regras de acesso dos crentes á casa do Profeta, para as refeições; faz referência a Hora Final e as aflições experimentadas neste momento; aconselha os crentes a temerem a Deus e a serem verazes. Finalmente, a sura salienta a ignorância do ser humano, que, havendo aceitado os mandamentos divinos, não soube cumpri-los, com vigor.