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Surat Al-Furqan(1). Bendito Aquele Que fez descer o Critério sobre Seu Servo, para que seja admoestador dos mundos,
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(1) Al Furqān: infinitivo substantivado do verbo faraqa, separar ou distinguir. No Alcorão, essa palavra engloba várias acepções, tais como: o critério de distinção entre o bem e o mal, a vitória e o Livro divino (a Tora ou o Evangelho ou o Alcorão), uma vez que estes constituem um critério de distinção entre o bem e o mal. entre a verdade e a falsidade (cf II 53 n39). Esta sura deve seu nome à menção da palavra furqân, no primeiro versículo. Ela é, basicamente, uma apologia do Alcorão, a qual exalça a Mensagem de Deus, a Quem pertencem os céus e a terra e Que não tem semelhante algum. Não obstante isso, os idólatras apegam-se a ídolos, desmentem o Alcorão e negam a veracidade da mensagem do Profeta, mediante o argumento de que Muhammad é homem igual a todos e se alimenta e vive como os demais, sem qualquer característica que o aproxime dos anjos. Objetam, ainda, que o Alcorão não foi revelado de uma só vez, e sim por partes. Mas respostas a todas estas objeções vão surgindo, por meio de histórias dos primitivos profetas e seus seguidores, pondo em realce que os idólatras seguem seus caprichos e, com sua maneira de pensar e agir, tornam-se tais quais rebanhos irracionais, ou pior ainda. Por essa razão, no Dia do Juízo, receberão a severa e merecida recompensa. A seguir, nesta sura, os sinais do Universo apresentam-se para dimensionar o poder divino. Finalmente, há alusão aos crentes, que receberão as melhores recompensas. Por tudo isso, e pelas alvíssaras, esta sura veio a representar um bálsamo para o Profeta, quando de sua defrontação com os Quraich, arrogantes, descrentes, agressivos e infensos à religião que pregava. Em momento algum, o Profeta, diante de tamanha hostilidade, esmoreceu sua pregação ou negligenciou as verdades da revelação divina.
Aquele de Quem é a soberania dos céus e da terra, e Que não tomou filho algum, e para Quem não há parceiro, na soberania, e Que criou todas as cousas e determinou-as na justa medida!
E eles(1) tomam, além d'Ele, outros deuses, que nada criam, enquanto eles mesmos são criados, e não possuem, para si mesmos, prejuízo nem benefício, e não possuem o dom de morte nem de vida nem de ressuscitar.
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(1) Alusão aos descrentes de Makkah, que praticavam a idolatria.
E os que renegam a Fé dizem: "Este(1) não é senão mentira, que ele forjou e, nisso, outras pessoas ajudaram". Então, com efeito, cometeram(2) injustiça e falsidade.
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(1) Este: o Alcorão. (2) Alusão aos cristãos e judeus, contemporâneos do Profeta, em cujas fontes e tradições os idólatras asseveram haver-se Muhammad abeberado.
E dizem: "São fábulas dos antepassados, que ele pediu fossem escritas; e elas lhe são ditadas, ao amanhecer e ao entardecer."
Dize, Muhammad: "Fê-lo descer Aquele Que sabe os segredos nos céus e na terra. Por certo, Ele é Perdoador, Misericordiador."
E dizem: "Por que razão este Mensageiro come o mesmo alimento e anda pelos mercados, como nós? Que se fizesse descer um anjo, para ele e, com ele, fosse admoestador!
"Ou que se lhe lançasse um tesouro, ou que houvesse, para ele, um jardim, de que pudesse comer. E os injustos dizem: "Vós não seguis senão um homem enfeitiçado!"(1)
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(1) Os renegadores da Fé não podiam aceitar que Muhammad fosse um homem comum. Segundo sua concepção de mensageiro, este deveria ser um anjo ou um homem acompanhado de um anjo; ou que, pelo menos, fosse dotado de tesouros e pomares esplêndidos, para maior prestígio perante os homens, diante dos quais iria pregar.
Olha, como engendram semelhantes a ti, e se descaminham! Então, não poderão encontrar caminho algum.
Bendito Aquele Que, se quiser, te fará algo melhor que tudo isso: jardins, abaixo dos quais correm os rios; e te fará palácios!
Mas eles desmentem a Hora; e preparamos, para os que desmentem a Hora, um Fogo ardente.
Quando este os vir, de longínquo lugar, já eles lhe ouvirão o furor e o rumor.
E, quando lançados nele, em angusto lugar, as mãos amarradas atrás do pescoço, lá suplicarão uma aniquilação.
Dir-se-lhes-á: "Não supliqueis, hoje, uma só aniquilação e suplicai muitas aniquilações!"(1)
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(1) A perpetuidade da desgraça infernal implica não só um tipo de castigo, mas um infinito corolário deles, o que levará o réprobo a suplicar que o aniquile a destruição em definitivo.
Dize: "Isso é melhor ou o Paraíso da eternidade, que é prometido aos piedosos? Ser-lhes-á recompensa e destino.
"Terão, nele, o que quiserem, sendo eternos. Isso impende a teu Senhor, como promessa exigível."
E lembra-lhes de que, um dia, os(1) reuniremos, eles e aos(2) que adoram, além de Allah; então, Ele dirá: "Descaminhastes estes Meus servos, ou eles mesmos se descaminharam do caminho?"
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(1) Os: os idólatras de Makkah. (2) Aos: os anjos, adorados como filhas de Deus; e Jesus, adorado como filho de Deus, e Uzair, adorado pelos judeus, como Filho de Deus, etc.
Eles(1) dirão: "Glorificado sejas! Não nos é concebível tomarmos, além de Ti, protetores, mas Tu os fizeste gozar e a seus pais, até que esqueceram a Mensagem(2) e foram um povo extraviado."
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(1) Eles: os seres adorados como deuses. (2) A Mensagem: o Alcorão.
Dir-se-á aos idólatras: "E, com efeito, eles(1) vos desmentem no que dizeis; então, não podereis obter nem isenção do castigo nem socorro." E a quem de vós é injusto, fá-lo-emos experimentar grande castigo.
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(1) Eles: os seres adorados, alem de Deus: os ídolos.
E não enviamos, antes de ti, Mensageiros, sem que, por certo, comessem o mesmo alimento e andassem pelos mercados. E fazemos de uns de vós provação para os outros. Então, vós pacientais? E teu Senhor é Onividente.
E os que não esperam Nosso encontro dizem: "Que se faça descer os anjos sobre nós, ou que vejamos a nosso Senhor!" Com efeito, eles se ensoberbecem, em seu âmago, e cometem, desmesuradamente, grande arrogância.
Um dia, quando eles virem os anjos, nesse dia, não haverá alvíssaras para os criminosos, e os anjos dirão: "É, terminantemente vedado(1) ir para o Paraíso."
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(1) É terminantemente vedado: traduz a expressão árabe hijran mahjuran. que os árabes repetiam, quando um deles se encontrava com temido inimigo, durante os meses sagrados. Sendo assim, o inimigo ficava impossibilitado de fazer-Ihe mal, já que era vedada a vingança, nessa época. No Dia do Juízo, os anjos responsáveis pelo castigo repetiram estas palavras para fazer saber aos renegadores da Fé a impossibilidade de se salvar do castigo.
E referir-nos-emos às obras(1) que fizeram, e fá-las-emos partículas dispersas no ar.
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(1) Obras: as boas obras, realizadas pelos réprobos, e que de nada lhes adiantaram, no Dia do Juízo.
Os companheiros do Paraíso, nesse dia, serão os melhores em residência, e estarão em mais belo lugar de repouso.
E um dia, o céu se fenderá, com as nuvens, e se fará descer os anjos, com descida de realidade.
Nesse dia, a verdadeira soberania será dO Misericordioso. E será um dia difícil para os renegadores da Fé.
E um dia, o injusto morderá as mãos, dizendo: "Quem dera houvesse eu tomado caminho com o Mensageiro!
"Ai de mim! Quem dera não houvesse eu tomado fulano por amigo!
"Com efeito, ele me descaminhou da Mensagem, após ela haver-me chegado. E Satã é pérfido para com o ser humano!"
E o Mensageiro dirá: "Ó Senhor meu! Por certo, meu povo tomou este Alcorão por objeto de abandono!"
E, assim, fizemos, para cada profeta, um inimigo dentre os criminosos. E basta teu Senhor por Guia e Socorredor.
E os que renegam a Fé dizem: "Que houvesse descido sobre ele o Alcorão, de uma só vez!" Fragmentamo-lo assim, para com ele, te tornarmos firme o coração. E fizemo-lo ser recitado paulatinamente.
E eles não te chegam com exemplo(1) algum, sem que cheguemos a ti com a verdade e a melhor interpretação.
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(1) Exemplo: argumento contrário à Mensagem do Profeta.
Os que forem reunidos, sendo arrastados sobre as faces à Geena, esses serão na pior situação e os mais descaminhados do caminho certo.
E, com efeito, concedemos a Moisés o Livro(1) e fizemos de seu irmão Aarão, vizir, assistente, junto dele.
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(1) O Livro: a Tora.
E dissemos: "Ide ambos ao povo que desmentiu Nossos sinais." Então, destruímo-lo totalmente.
E ao povo de Noé, quando desmentiu os Mensageiros, afogamo-lo e fizemo-lo um sinal para os humanos. E preparamos para os injustos doloroso castigo.
E menciona o povo de Ãd e Thamud e o povo de Rass(1) (um lugar) e muitas gerações entre esses.
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(1) Ar-Rass; o poço, a escavação, o sepultamento. Esta palavra admite inúmeras acepções, entre as quais a de uma aldeia de nome Yamãmah, cujos habitantes desmentiram seu profeta e o enterraram vivo, num poço, até que morreu. Outra acepção se liga à trincheira, citada no capitulo LXXXV do Alcorão. Uma terceira prende-se à região que vai desde Najrãn, na Península Arábica, até o Hadramaut, no Yêmen.
E, para cada um deles, propomos os exemplos, e a cada um esmagamos, rudemente.
E, com efeito, eles(1) passaram pela cidade, sobre a qual se fez chover a chuva do mal(2). Então, não a viram? Mas eles não esperam Ressurreição alguma.
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(1) Eles: os idólatras de Makkah. (2) Trata-se da chuva de pedras ígneas, caída sobre Sodoma e Gomorra.
E, quando te vêem, não te tomam senão por objeto de zombaria, e dizem: "É este quem Allah enviou por Mensageiro?"
"Por certo, ele quase nos descaminhara de nossos deuses, não houvéssemos sido perseverantes com o culto deles." E saberão, quando virem o castigo, quem está mais descaminhado;
Viste aquele que toma por deus sua paixão? Então, és tu, sobre ele, patrono?
Ou tu supões que a maioria deles ouve ou razoa? Eles não são senão como os rebanhos, aliás, mais descaminhados, em caminho.
Não viste teu Senhor, como estende a sombra? E, se quisesse, fá-la-ia imóvel. Em seguida, Nós fazemos do sol um indicador dela;
Em seguida, recolhemo-la, suavemente, para junto de Nós.
E Ele é Quem vos faz da noite vestimenta, e do sono, descanso, e faz do dia volta à vida ativa.
E Ele é Quem envia o vento, como alvissareiro, adiante de Sua misericórdia(1). E do céu fazemos descer água pura.
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(1) Cf. VII 57 n4.
Para com ela vivificar uma plaga morta, e darmos de beber, dentre o que criamos, a muitos rebanhos e humanos.
E, com efeito, repartimo-la(1) entre eles, para meditarem(2); então, a maioria dos homens a tudo recusou, exceto à ingratidão.
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(1) La: a chuva. (2) Ou seja, para os homens meditarem.
E, se quiséssemos, haveríamos enviado a cada cidade um admoestador.
Então, não obedeças aos renegadores da Fé, Muhammad, e, com ele(1) luta contra eles, vigorosamente.
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(1) Ele: o Alcorão.
E Ele é Quem desenleou os dois mares(1) este é doce, sápido, e aquele é salso, amargo. E fez, entre ambos, uma barreira e terminante proibição de sua mescla(2).
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(1) Os dois mares: é tradução de al bahraín, dual de al bahr que, etimologicamente, significa água abundante, seja salgada, seja doce, embora de uso mais freqüente na designação, ape nas, de mar. A ocorrência do dual no versículo serve para exprimir, ao mesmo tempo, tanto a água de rios quanto a de mares. (2) Trata-se de imiscibilidade da água salgada com a doce, quando de seu encontro. Isso constitui enorme graça divina para o ser humano que, do contrário, teria suas fontes e rios invadidos pela água do mar.
E Ele é Quem cria da água(1) um ser humano e faz dele parentes sangüíneos e parentes afins. E teu Senhor é Onipotente.
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(1) Cf. XXI 30 n2.
E eles adoram, além de Allah, o que não os beneficia nem os prejudica. E o renegador da Fé é coadjutor de Satã contra seu Senhor.
E não te enviamos senão por alvissareiro e admoestador.
Dize: "Não vos peço prêmio algum por ele(1), a não ser a crença de quem quer tomar caminho para seu Senhor."
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(1) Ele: o Islão.
E confia nO Vivente, Que jamais morrerá, e glorifica-O, com louvor. E basta Ele por Conhecedor dos pecados de Seus servos.
Ele é Quem criou os céus e a terra e o que há entre ambos, em seis dias(1); em seguida, estabeleceu-Se no Trono. Ele é O Misericordioso; então, pergunta, acerca dEle, a um conhecedor.
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(1) Cf. VII 54 n3.
E, quando se Ihes(1) diz: "Prosternai-vos diante dO Misericordioso", dizem: "O que é O Misericordioso? Prosternar-nos-emos diante do que nos ordenas?" E isso lhes acrescenta repulsa.
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(1) Lhes: aos idólatras de Makkah.
Bendito Quem fez constelações, no céu, e nele, fez um luzeiro(1) e uma lua luminosa!
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(1) Luzeiro: o sol radioso.
E Ele é Quem fez a noite e o dia alternados, para quem deseja meditar ou deseja agradecer a Allah.
E os servos dO Misericordioso são os que andam, mansamente, sobre a terra e, quando os ignorantes se dirigem a eles, dizem: "salam!" "Paz!";
E os que passam a noite prosternando-se, diante de seu Senhor, e orando de pé;
E os que dizem: "Senhor nosso! Desvia de nós o castigo de Geena. Por certo, seu castigo é perpétuo."
"Por certo, que vil residência e lugar de permanecer é ela!";
E os que, quando despendem seus bens, não os esbanjam nem restringem, mas seu dispêndio está entre isso, ajustado;
E os que não invocam, junto de Allah, outro deus, e não matam a alma que Allah proibiu matar, exceto se com justa razão, e não adulteram; e quem faz isso encontrará punição;
O castigo duplicar-se-lhe-á, no Dia da Ressurreição e, nele, permanecerá, eternamente, aviltado.
Exceto quem se volta arrependido e crê e faz o bem; então, a esses, Allah trocar-lhes-á as más obras em boas obras. E Allah é Perdoador, Misericordiador.
E quem se volta arrependido e faz o bem, por certo, ele se volta para Allah, arrependido, perfeitamente.
E os que não prestam falso testemunho e, quando passam junto da frivolidade, passam nobremente;
E os que, quando são lembrados dos versículos de seu Senhor, não permanecem desatentos a eles, como surdos, cegos;
E os que dizem: "Senhor nosso! Dadiva-nos, da parte de nossas mulheres e de nossa descendência, com alegre frescor nos olhos e faze-nos guia para os piedosos."
Esses serão recompensados com a câmara etérea, porque pacientaram; e, nele, ser-lhe-ão conferidas saudações e paz.
Lá, serão eternos. Que bela residência e lugar de permanecer!
Dize, Muhammad: "Meu Senhor não se importaria convosco, não fora vossa súplica. E, com efeito, desmentistes o Mensageiro; então, ser-vos-á imposto o castigo."